Um indício de tempos distópicos ou uma simples evolução dos concursos de beleza? Isso que você leu no título é verdade: o primeiro concurso de beleza de inteligência artificial do mundo foi lançado pela Fanvue, plataforma voltada a criadores de modelos de inteligência artificial.
O World AI Creator Awards (Prêmio Mundial de Criadores de IA) começou em abril, e promete uma premiação total de 20 mil dólares, ou mais de R$ 100 mil, para as três primeiras colocadas. As participantes do concurso estão sendo julgadas em três categorias principais:
- Sua aparência: o clássico critério dos concursos de beleza, que inclui a beleza das participantes, seu porte e respostas para algumas perguntas.
- O uso das ferramentas de IA: ou seja, a implementação da inteligência artificial para a criação das modelos, o que inclui o uso das instruções (prompts) para a sua criação e os detalhes visuais (como as suas mãos e olhos)
- Sua importância nas redes sociais: esse é um critério autoexplicativo, já que favorece as modelos com números maiores de engajamento, taxa de crescimento de audiência e uso de plataformas como o Instagram, por exemplo.
Recentemente, o concurso anunciou a lista de semifinalistas selecionadas entre um grupo de mais de 1.500 candidatas. Dentre elas estão a brasileira Ailya Lou, a portuguesa Olivia C. e a marroquina Kenza Layli.
Todas têm presença nas redes sociais, como é o caso de Kensa Layli, cujo perfil no Instagram conta com mais de 190 mil seguidores e já faz parcerias de marca. Em um vídeo recente, Kenza Layli fala em árabe sobre como está feliz por ter sido selecionada como uma das finalistas do Miss AI. “Estou orgulhosa de receber esta indicação depois de existir por apenas cinco meses, especialmente porque esta invenção é 100% árabe e marroquina”, disse a modelo IA.
Premiação
Mesmo que essas concorrentes não sejam mulheres reais, há um prêmio real de 5 mil dólares para a vencedora, que também ganhará acesso a um programa de mentoria avaliado em 3 mil dólares e apoio de relações-públicas.
O segundo lugar receberá acesso ao programa de mentoria, a um pacote promocional de 2 mil dólares e ao apoio de relações-públicas. O terceiro lugar receberá uma consultoria, um pacote promocional de 500 dólares e o apoio de relações-públicas.
Este é o primeiro concurso de uma série desenvolvida pela FanVue para criadores de conteúdo de IA. A empresa está lançando o concurso sob a alçada dos “The FanVue World AI Creator Awards”. Os resultados do Miss AI serão anunciados no final de junho.
Em um comunicado, o cofundador da FanVue, Will Monange, disse: “O que os prêmios fizeram foi descobrir criadores que nenhum de nós conhecia. E essa é a beleza do espaço de criadores de IA: ele permite que pessoas criativas entrem no mundo da criação com suas criações geradas por IA sem precisar usar o próprio rosto para isso.”
Tecnologia inovadora, formato ultrapassado
É inegável a inovação que o Miss IA representa, trazendo modelos construídas a partir de prompts e com base em uma tecnologia avançada como a da inteligência artificial, que combinada ao aprendizado de máquina tem o potencial de revolucionar o mundo em inúmeras áreas.
Contudo, críticos do Miss IA ressaltam como, mesmo usando IA, esse concurso vem repetindo o formato ultrapassado desse tipo de competição. Por exemplo, todas as 10 finalistas do Miss AI se encaixam nos tradicionais padrões de beleza, ou seja, são jovens e magras.
A artista e cineasta Lynn Hershman Leeson, que trabalha com uma combinação entre tecnologia e feminismo, deu sua opinião sobre a forte adesão dos criadores das modelos aos moldes tradicionais de beleza.
“O mundo da IA tem um espectro de possibilidades a considerar para a atratividade. E eles optaram por apenas procurar algum tipo de semelhança superficial com o que sempre foi considerado vitorioso nesse tipo de competição. Não é nada além do estereótipo do estereótipo,” explicou a cineasta durante entrevista à NPR.